Esta
semana quando fui deixar meus dois filhos no colégio fui surpreendido com o
pedido do meu filho para que eu entrasse, segundo ele a professora queria falar
comigo e fui logo pensando que seria para algum tipo de repreenda pelo
comportamento dele. Quando eu a encontrei na porta da sala perguntei do que se
tratava e ela me convidou para entrar na sala de aula e contar um pouco sobre a
minha experiência profissional para as crianças. Fui pego de surpresa, mas
confiante eu entrei.
Quando
entrei em sala de aula e olhei nos olhos daquelas crianças de nove anos de
idade e a minha confiança se foi, confesso, daí todos me saudaram com um “Bom dia
e bem-vindo a nossa escola! ” em uni som que me fez refletir por um instante a
importância que aquele dia teria para as nossas vidas e então decidi começarmos
o nosso bate papo daquela manhã com cautela.
No
fundo da sala uma das crianças já havia se pronunciado: “Olha! É o pai do
Henrique: o espião. ”, e então, eu me lembrei que eles ainda tinham na cabeça a
história que a professora havia, estratégica e criativamente, criado para justificar as
várias viagens profissionais que eu havia sido obrigado a me submeter. E esta
história foi a tábua de salvação que conseguiu fazer com que o meu filho
deixasse de sofrer tanto nas minhas ausências, então fiquei muito feliz por isto,
mas era hora de me explicar.
Eu
comecei a contar sobre a minha trajetória profissional de uma maneira mais leve
e busquei dar um depoimento com ênfase nos meus estudos, na leitura, no
aprendizado de outras línguas e outras culturas, mostrando que se pode unir seus
desejos com uma vida plena, desde que tenha esforço, dedicação e paixão pelo
que se faz. As crianças tinham os olhos brilhando de entusiasmo e faziam várias
perguntas. É de se impressionar como as perguntas das crianças são simples,
verdadeiras, interessantes e sem nenhum filtro o que me fez sentir que nada
importava mais do que o simples fato de estarmos ali juntos para conversarmos
um pouco e sonhar de olhos abertos.
Ao
final me pediram um desenho (que entregarei quando voltarem das férias) e em
troca eu pedi um abraço (quase fui à lona).
Este
foi um dos dias mais especiais que eu jamais havia vivido.
Um
forte abraço à todas as crianças e a minha mais sincera gratidão à professora
Luciana por sua criatividade e pelo seu convite.
Abs,
Léo
Julho de 17