
O conhecimento é uma construção cultural e que a
escola tem um comprometimento político, de caráter ao mesmo tempo conservador e
inovador. Inicia com uma visão sobre o conhecimento para a seguir rebater a
ideia de que o conhecimento seja uma "descoberta”, em continuação, volta
sua atenção para a escola e suas práticas, enfatizando o sentido social do
trabalho pedagógico e acenando com a posibilidade do conhecimento como uma
ferramenta da liberdade e o poder de convivência entre iguais. (Mario S.
Cortella)
Poder lecionar me faz estar junto das angustias e
expectativas de pessoas que no primeiro momento chamo de aluno, num segundo
momento chamo de colega e quiça poderei um dia chamar de amigo. Reuno dados,
leio livros, releio artigos, recupero da memória eventos profissionais
positivos e negativos, os estudo como um cirurgião faz com um corpo aberto
sobre uma mesa esperando uma intervenção precisa, direta, fria e silenciosa.
Então me coloco em ângulos diferentes: próximo e distante das minhas
experiências, as critico e as transformo de modo que posso levá-las de um mundo
teórico quase utópico para colocá-las no patamar de nossa realidade, da
realidade do meu aluno, desafiando o outro a assumir a autoria da sua própria
existência assim como eu assumo a minha própria.
Daí vem a ideia e a ação de mapear e conhecer a
turma, o que permite criar um método aderente à esta realidade. A seguir se
encontra o mapa da minha primeira turma:
Pela logosofia ao dar a conhecer seus
ensinamentos, ela manifesta que existe uma imensidão desconhecida para o homem,
na qual se deve penetrar. Dá a conhecer, além disso, que enquanto se interna
essa imensidão que é a sabedoria, isto é, enquanto aprende, pode também ensinar,
porque a arte de ensinar consiste em começar ensinando primeiro a si mesmo, ou,
dito de outro modo, enquanto de uma parte o ser aprende, aplica de outra esse
conhecimento a si mesmo e, ensinando a si mesmo, sabe depois como ensinar aos
demais com eficiência. (Por Carlos Bernardo G. Pecoteche)
Realmente a sensação de estar aquém da missão de
lecionar é inquietante. No entanto a busca pelo novo, pelo inusitado, pelo
conhecimento, de sentir que é possível canalizar o aprendizado prático de anos
de profissão em ações teóricas positivas e construtivas fazendo com que o
sentimento mútuo de crescimento, aluno e professor, seja nobre, dito de outro
modo, que o sentimento de estar envolvido, aberto às críticas e pronto para
ouvir com atenção a tudo o que lhe é dirigido sem julgar, sem diminuir é uma
relação engrandecedora. Lembro-me então de Mario Sérgio Cortella quando
comenta: "A vida é muito curta para ser pequena”.
A criação de um grupo de discussão da turma e a
elaboração de um blog aberto ao público foi uma das maneiras de abrir o “peito:”
a todos os comentários favoráveis e a todo o tipo de crítica e ideias
possíveis, não se limitando somente à sala de aula, além disso, manter o
espírito alerta para um modo aberto e franco de troca impulsiona para uma
caminhada firme. Cito, portanto Fernando Pessoa: "O poeta é um fingidor
ele finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras
sente".
Lya Luft escreve a oração da nau à deriva em seu
artigo, que me inspira: “Senhor, neste mar indeciso e muitas vezes encapelado
em que estou perdido, dá-me alguma certeza de que existe uma rota firme e fixa,
de que o trajeto correto é possível e de que no fim desse nevoeiro me espera
uma luz positiva, uma luz boa, não apenas promessas e palavras vãs, mas
realidades necessárias para que eu sobreviva com minha preciosa carga humana,
moral e material”.
Por mais que nos encontremos perdidos em algum
momento e que tenhamos uma intuição ou uma força interior que nos indique uma
direção é necessário vislumbrar um objetivo e um porto seguro, logo desenhar
ações voltadas a este objetivo desde o planejamento e constantemente lembrá-lo,
procedendo assim no desenvolver da disciplina foi forjado o conceito de que:
"o aluno, ao fim do curso, será capaz de compreender os conceitos gerais
de análise de viabilidade e integração de projetos aproximando a teoria e a
prática". Nem tanto o quê, nem tanto o como, mas certamente o porquê, logo
"Porque proporcionar uma melhor administração e planejamento de ações para
realização de projetos nas organizações é o que se espera deste
profissional." Nenhum vento é favorável para aquele que não sabe aonde
quer chegar (Roberto Crema).
A experiência de ser chamado Professor Leonardo,
foi ímpar e tudo o que posso demonstrar por isto é respeito. Construir uma
carreira sólida e baseada em valores justos não é fácil e ninguém disse que o
seria, no entanto nem no meu sonho mais otimista eu poderia me imaginar
lecionando e curtindo esta experiência sem ter “cabelos brancos”. Bem, não sei
o que me espera, mas como diz Benjamin Taubkin: As vezes a gente está condenado
a ser feliz!
Gostaria de agradecer profundamente a minha
amada Aline pela paciência, pela paz que me proporciona e pelo carinho,
agradeço ao Henrique e à Ana por me ajudarem com perguntas simples e claras que
crianças fariam e não nós adultos. Gostaria de agradecer também à minha super
amiga Pricila Frade por ter me empurrado do penhasco, ao Ricardo Friche pelo
apoio. Marcia, Claudia e Daiane obrigado pela acolhida e orientação.
“Tudo um dia será nada e esse nada será o tudo que tanto procuramos encontrar.” Paulo de Tarso.