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terça-feira, 6 de maio de 2014

Comunidade Vila Santa Rosa



Como uma pessoa determinada, criativa e de tamanha grandeza pode se dedicar dando esperança àqueles que começam uma caminhada em um novo mundo cheio de labirintos, calabouços e medo, que e o sentimento de muitos nos dias de hoje?

Há dois anos tive a honra de conhecer a Patrícia, que é a conservadora do escritório onde trabalho e desde que ela entrou no meu escritório e me perguntou se eu aceitaria ouvir algumas sugestões e eu disse que sim, muita coisa mudou: para melhor!

Ela conseguiu aplicar grande parte de suas ideias transformando o ambiente em que está inserida em um ambiente melhor e cheio de vida. Tudo fruto de observação atenta, criatividade e vontade.

Alguns exemplos de seu esforço foram:

Lixeiras de coleta seletiva: utilizando os frascos vazios dos galões de produtos químicos para limpeza do escritório, caixas de suco vazias que iriam ser jogadas no lixo, caixas de papelão que são utilizadas para trazer os produtos de limpeza, reutilização de papel das impressoras. Ela recolheu, guardou na dispensa e trabalhou pacientemente com todos estes materiais para criar o protótipo, introduzir melhorias, aprovar o seu projeto e aplicar em todas as áreas dos três andares do escritório de 1.200 m2.

Campanha solidária: recolhendo materiais que antes eram menosprezados como papel impresso, caixas de papel que vinham em alguns produtos comprados no escritório, materiais que não eram utilizados há muito tempo ela reuniu uma montanha de coisas na dispensa que quando eu vi pela primeira vez pensei que era lixo e para a minha total surpresa ela me mostrou que tudo aquilo poderia ser reutilizado de maneira criativa nas escolas e creches vizinhas, logo foi solicitada aprovação ao presidente da empresa, apoio da assistente social e de todos os empregados para auxiliarem e apoiarem o projeto.

De tempos em tempos são feitas as doações onde escolhemos algumas pessoas no escritório que vão à escola ou creche escolhida levar os produtos de doação.

Uma vez quando um colega escolhido retornou da entrega de produtos doados e me procurou para conversar ele me confessou a seguinte experiência:

“Eu nunca tinha imaginado o quanto emocionadas poderiam ficar crianças e adultos por receberem coisas que nunca pensei em reutilizar. Me emocionei e vou ligar para o meu filho de sete anos que está na Itália e dizer que eu o amo e que tudo ficará bem.”

Declaração de um dos escolhidos para participar do processo de doação.


Nos últimos tempos a Patrícia me procurou e pediu um dos meus livros emprestado. Emprestei sem muita preocupação com o que ela poderia inventar, mas eu tinha quase certeza que alguma coisa aconteceria depois que ela lesse o livro. Bem, ela me procurou há uns vinte dias atrás e me pediu para ajudá-la a escrever um texto com o objetivo de conectar a experiência descrita no livro com o seu desejo de ensinar outras pessoas da sua comunidade a fazer diferença e a dar esperança às crianças e jovens.

Topei escrever com a condição de que ela me deixasse ir a uma de suas aulas na comunidade, então o trato estava feito, logo estive na casa da Dona Antônia, mãe da Patrícia, na comunidade vila Santa Rosa.

Como a aula era à noite fiquei apreensivo em ter de ir até lá por ser um lugar desconhecido e por eu não saber o que me esperava até chegar ao meu destino. Bem, já na entrada da comunidade deixei o carro e fui acompanhado por um rapazinho pelo beco até a humilde casa da Dona Antônia e depois de chamar ao portão fui calorosamente recebido. Conheci a simpática Dona Antônia e também conheci a Professora Patrícia dando uma aula de vida a umas vinte crianças: contando histórias infantis, bíblicas e fazendo brincadeiras criativas com tampas de garrafas, bucha de Bombril, cabeça de cebola, caixa de papelão e pano preto.

Já no final da aula as crianças recebem uma folha de papel com um desenho para colorirem do lado de fora da casa no beco onde atravessam pedestres, motos, bicicletas no meio das crianças que para colorir se deitam no chão, depois de colorirem elas tomam um lanche e voltam para suas casas.


Após ter esta experiência fiquei com o coração apertado pela responsabilidade de transferir toda a emoção e vontade destas pessoas em um texto que deveria receber a aprovação da Professora Patrícia.

Durante algum tempo pensei em como fazer isto e por fim escrevi:

Um trabalho de União
O propósito de contribuir para o trabalho na comunidade é acreditar num futuro melhor para os nossos filhos, onde a dignidade, o respeito e o amor ao próximo sejam interiorizados e se transformem em ações concretas e duradouras.
Olhe para a sua mão direita. Provavelmente você teria grandes limitações em nosso mundo se não a possuísse ou ainda se lhe faltassem os dedos, cinco, quatro ou apenas um dedo. Ter a mão direita te possibilita fazer coisas que outro ser humano, desprovido do sentido da percepção da importância de tê-la, poderia fazer.
Bem, uma comunidade é composta de pessoas que se organizam sob um conjunto de regras que fazem com que o dia a dia funcione de uma maneira orgânica. Todos na comunidade tem valor, sejam crianças ou idosos, sejam homens ou mulheres, sejam negros ou brancos, logo o bem estar da comunidade tem tanta importância quanto ter uma mão e dedos.
Trabalhar pela comunidade voluntariamente traz até nós um sentimento de companheirismo, de pertencimento, de construção de vínculos e de saber que se pode fazer diferença na vida do outro. Ao doar o seu tempo você também traz um novo sentido a sua própria vida.
A dedicação ao outro não é trabalho de uma única pessoa ou de um único dia, é um trabalho de vários, um trabalho constante, de respeito ao próximo, de rompimento de barreiras e de visão de um mundo melhor.
O que realmente importa não é a quantidade, mas sim a qualidade e a intensidade com que você pode se doar. Servir ao outro sem medo tem um proposito maior para a nossa vida. Ser o personagem principal na condução de um processo de mudança na comunidade traz para você o retorno da memória daqueles que participaram do processo.
Por exemplo, quando se criam brincadeiras com crianças a partir de uma folha de papel em branco este processo de criação e trabalho da imaginação pode trazer a reflexão sobre a realidade e a cultura na qual elas estão inseridas e ao mesmo tempo questionando regras e papéis sociais, sendo você a pessoa lembrada por aquela criança como quem fez a diferença em sua vida.
Você é parte da comunidade e o nosso trabalho é construir um amanhã melhor.


O dia em que levei o texto para ela verificar e me dizer se poderia servir para os seus propósitos ela me pediu algum tempo para pensar e daí fiquei muito apreensivo e ansioso na expectativa de que pudesse ter construído alguma coisa que fosse útil.

Bem, após uns dois dias ela veio ao escritório e pediu para me falar. Daí me explicou que o texto teria significado para os seus propósitos. O que me comoveu mais em nossa conversa foi escutar dela o quanto todos nós poderíamos deixar de lamentarmos da nossa pequenez, superar as dificuldades, colocar um sorriso no rosto e fazermos algo a mais para fazer com que o nosso dia seja rico, rico de felicidade, rico de nobreza, rico de respeito. Enquanto ela falava tinha lágrimas nos olhos e um sorriso no rosto. A professora Patrícia me ensinou neste dia o quão forte e humano podemos escolher ser.

A Patrícia conquistou a minha admiração e de muitas outras pessoas.

Decidi escrever esta história para promovê-la e se possível motivar outras pessoas a refletir sobre a sua própria vida e mais do que isto conseguir de alguma forma contribuir para o seu projeto na Comunidade Vila Santa Rosa, que foi um dos projetos que pude ter o prazer e a honra de conhecer.

Deixo esta mensagem para todos que puderem de alguma forma contribuir com material didático, auxilio para o lanche das crianças, brinquedos pedagógicos, contribuições para os dias festivos, eles precisam também de um local mais adequado para as aulas, aparelhos eletrônicos como TV, DVD, filmes educativos, etc.

Em média são umas vinte e cinco crianças e adolescentes que fazem parte do projeto de três a dezessete anos de idade.

Para contribuir você pode entrar em contato direto com a Patrícia pelo e-mail patrícia.marcia74@gmail.com

A Jacqueline Christine Diretora Geral da SiaS (www.sias.com.br) e professora na FGV-BH apoia o projeto.

Abs,
Léo

Onde se localiza a comunidade:



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I desire to discuss ideas. Your comments will allow me a broader view of the thesis. Thank you, Leo