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sábado, 4 de junho de 2016

Um conto da trajetória de uma mudança de vida e de percepção

De frente para o computador em uma manhã como qualquer outra Eusébio Cunha mantinha o controle de sua caixa de e-mails com uma urgência que beirava a insanidade, pois era assim a vida ali naquele escritório, na Grande Empresa, onde tudo era para ontem, onde o estado de aparente calma poderia revelar que pessoas estavam quase a ponto de ter um ataque de nervos, pois não se sabia ao certo quem iria ser o primeiro a ser chamado pelo Grande Chefe para dar explicações sobre falhas ou informar o progresso de seus projetos que sempre pareciam estar atrasados. Ele, Eusébio, gostava de estar envolvido em grandes construções e procurava sempre vislumbrar a sua obra prima saída da tela de um computador e sendo transformada em um objeto de desejo popular facilmente encontrado em concessionárias por todo o país. Todos naquele lugar sonhavam com isso e ele não era diferente.


Acontece que para Eusébio era difícil entender ao certo quem era o seu chefe de verdade, pois ele tinha que dar um monte de respostas para o Grande Chefe que contratava a empresa que ele trabalhava e o seu chefe, o Supervisor, também respondia para o Grande Chefe como ele próprio e quase todas as outras pessoas que trabalhavam ali. A propósito da percepção do Eusébio, naquele dia, ele tinha uma agenda um pouco diferente, pois ele se encontraria com o Diretor da empresa que pagava o seu salário e ele não estava certo do que realmente se tratava a reunião, mas o Supervisor havia comentado que foram feitas mudanças na estrutura da empresa e que o Diretor queria conversar com ele.

A empresa contratada pela Grande Empresa havia mudado a sua estrutura organizacional e no comando do portfólio, que tinha uma centena de profissionais, fora colocado um profissional que era uma aposta do “Board” da companhia, o Diretor.

O Diretor sabia que se não estivesse à altura da responsabilidade que haviam confiado a ele sua permanência ali não duraria muitas semanas, assim como havia acontecido com outros profissionais ao longo dos anos. Houveram casos que não duraram uma única semana, então tudo o que ele tinha que fazer era o que ninguém faria: O contrário de mais do mesmo.

Em uma manhã, o Diretor se preparou para fazer uma série de entrevistas, foi como se ele quisesse assumir o comando do seu próprio navio assim como o capitão D. Michael Abrashoff, e ele teria que sair de seu escritório e ir à Grande Empresa encontrar com os entrevistados.

O Diretor havia se preparado para fazer algumas poucas perguntas, ouvir e tomar notas de pontos importantes e de “insights” que poderiam servir para a construção de planos e compreensão mais acurada da “Big Picture” de seu portfólio. Ele sabia que deveria se preocupar com o fator surpresa da reação das pessoas à sua abordagem, mas naquela manhã ele estava mesmo decidido a fazer isso, respirou fundo e saiu...

Como o Diretor havia previsto sua jornada foi recheada de fatores surpresa e houveram reações de todos os tipos e cores, até o limite de perguntas do tipo: Quem é você? Meu chefe? Se o Diretor não tivesse em mãos a lista da folha de pagamentos constando o nome do entrevistado e todos os seus dados pessoais, poderia até titubear em responder.
O que chamou mais a atenção naquele dia específico foi a entrevista feita com um rapaz muito tímido chamado Eusébio Cunha.

De início se cumprimentaram e o Diretor fez algumas perguntas à Eusébio: qual é o seu propósito profissional, de vida e como foi que você chegou até aqui partindo dos motivos que o levaram a aceitar o contrato nesta empresa.

No início Eusébio sentiu que era um pouco estranho tudo aquilo, mas visto que parecia que o Diretor estava realmente interessado em ouvir a sua história ele começou a contar como fora acabar ali sentado de frente para ele.

O Diretor ouviu pacientemente e tomou algumas notas durante vários minutos.

Eusébio era solteiro, veio do interior do estado para a capital motivado pela busca de um futuro melhor para si e para seus familiares. No interior os seus pais ficaram sem emprego e seus irmãos eram mais jovens do que o jovem Eusébio.

Ele se aventurou e tomou a decisão de vir à capital sem nenhuma garantia de que iria ter emprego ou moradia, então iniciou uma busca incansável por uma oportunidade de trabalho ele ingressou em um programa de estudo da capital que lhe proporcionava capacitação e uma bolsa que ele bem ou mal conseguia se sustentar, até que conseguiu um estágio na empresa em que trabalha atualmente.

No período em que iniciou suas atividades sua mãe ficou doente e nem ele, nem sua família tinham condições de pagar um tratamento adequado, sendo que somente a sua efetivação no estágio poderia lhes trazer alguma esperança, então sua única opção foi dedicar-se ao máximo.

Ele se desdobrou, trabalhou, estudou, lutou e buscou com todas as suas forças as condições de sua efetivação para apoiar sua mãe enferma, contudo mesmo depois de ter recebido um feedback positivo sobre sua efetivação a letargia de todo o processo burocrático fizeram com que fosse tarde demais para se autorizar a transferência e o tratamento, logo sua mãe veio a faltar...

Silêncio.

Eusébio se emocionou.

Eusébio continuou relatando outras passagens de sua vida até chegar aonde chegou e o Diretor tomou nota e também se emocionou. Sem realizar nenhuma promessa o Diretor cumprimentou Eusébio e se foi.

Voltando ao seu escritório o Diretor refletiu sobre todas as entrevistas que havia realizado naquele dia e sabia que as suas decisões sobre todas as áreas que era responsável tinham um peso muito grande sobre a possibilidade de seus colaboradores realizarem os seus propósitos de vida e de serem produtivos tanto quanto percebessem o esforço ao seu redor das pessoas se tornarem melhores pessoal e profissionalmente.

O Diretor estava convicto de que muitas atividades poderiam ser realizadas sem restrições financeiras ou quaisquer outras desculpas padrão. As atividades poderiam ser realizadas de maneira consistente e profissional. 

O Diretor decidiu lutar para não tomar decisões sem ponderação e sem buscar análise crítica. Buscou se aproximar de pessoas que não eram iguais a ele, mas que completavam os seus pontos fracos e que muitas vezes eram excepcionalmente melhores do que ele em vários aspectos.


O Eusébio Cunha foi uma das várias pessoas que mudaram a vida do Diretor. 

Muitos meses depois o Diretor recebeu o feedback do “Board” da companhia: "Você foi o melhor prêmio de uma aposta que a empresa poderia ter feito". Isso foi bom, entretanto mais rico do que isto era transitar por diversas disciplinas e saber que ali tinham pessoas muito melhores do que ele que estavam dispostas a fazer o que fosse possível para solucionar problemas de forma consistente e profissional, sem ter medo de criticar e ser criticado abertamente.

FIM

Ótima Vida!
Abs,
Léo

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